Sunday, December 17, 2006

Da sessão lavando a alma...

Nunca gostei de me expressar pelos outros. Minhas opiniões, meus sentimentos, acho tudo muito pessoal, mas sabe quando a gente simplesmente lê e não encontra melhores palavras para descrever aquilo que se quer dizer?

Acho que é isso que Caio Fernando Abreu faz por mim nesse momento, aliás, recomendo...

Trechos de : Limite Branco, Morangos Mofados, Os dragões não conhecem o paraíso, O Ovo Apunhalado e Pedras de Calcutá

"... então me vens e me chegas e me invades e me tomas e me pedes e me perdes e te derramas sobre mim com teus olhos sempre fugitivos e abres a boca para liberar novas histórias e outra vez me completo assim, sem urgências, e me concentro inteiro nas coisas que me contas, e assim calado, e assim submisso, te mastigo dentro de mim enquanto me apunhalas com lenta delicadeza deixando claro em cada promessa que jamais será cumprida, que nada devo esperar além dessa máscara colorida, que me queres assim porque é assim que és e unicamente assim é que me queres e me utilizas todos os dias, e nos usamos honestamente assim..."

"...Não te tocar, não pedir um abraço, não pedir ajuda, não dizer que estou ferido, que quase morri, não dizer nada, fechar os olhos, ouvir o barulho do mar, fingindo dormir ,que tudo está bem, os hematomas no plexo solar, o coração rasgado, tudo bem"

"...Não chegaram a usar palavras como especial, diferente ou qualquer outra assim. Apesar de, sem efusões, terem se reconhecido no primeiro segundo do primeiro minuto. Acontece porém que não tinham preparo algum para dar nome às emoções, nem mesmo para tentar entendê-las."

"...Talvez um voltasse, talvez o outro fosse. Talvez um viajasse, talvez outro fugisse. Talvez trocassem cartas, telefonemas noturnos, dominicais, cristais e contas por sedex (...) talvez ficassem curados, ao mesmo tempo ou não. Talvez algum partisse, outro ficasse. Talvez um perdesse peso, o outro ficasse cego. Talvez não se vissem nunca mais, com olhos daqui pelo menos, talvez enlouquecessem de amor e mudassem um para a cidade do outro, ou viajassem junto para Paris (...) talvez um se matasse, o outro negativasse. Seqüestrados por um OVNI, mortos por bala perdida, quem sabe. Talvez tudo, talvez nada"

"...se tocada por dedos bruscos, me estilhaço em cacos, me esfarelo em poeira dourada.Tenho pensado se não guardei indisfarçáveis remendos das muitas quedas.Embora sempre os tenha evitado, aprendi que minhas delicadezas nem sempre são suficientes para despertar a suavidade alheia..."

..sabe, eu me perguntava até que ponto você era aquilo que eu via em você ou apenas aquilo que eu queria ver em você, eu queria saber até que ponto você não era apenas uma projeção daquilo que eu sentia, e se era assim, até quando eu conseguiria ver em você todas as coisas que me fascinavam e que no fundo, sempre no fundo, talvez nem fossem suas, mas minhas, e pensava que amar era só conseguir ver, e desamar era não mais conseguir ver, entende? dolorido-dolorido, estou repetindo devagar para que você possa compreender melhor...

“...escuta aqui, cara, tua dor não me importa. estou cagando montes pras tuas memórias, pras tuas culpas, pras tuas saudades. as pessoas estão enlouquecendo, sendo presas, indo para o exílio, morrendo de overdose e você fica aí pelos cantos choramingando o seu amor perdido. foda-se o seu amor perdido. foda-se esse seu rei-ego absoluto. foda-se a sua dor pessoal, esse seu ovo mesquinho e fechado.”

“...Vai passar,tu sabes que vai passar.Talvez não amanhã,mas dentro de uma semana, um mês ou dois,quem sabe?O verão está aí,haverá sol quase todos os dias,e sempre resta essa coisa chamada¨impulso vital¨.Pois esse impulso ás vezes cruel,porque não permite que nenhuma dor insista por muito tempo,te empurrará quem sabe para o sol,para o mar,para uma nova estrada qualquer e,de repente, no meio de uma frase ou de um movimento te surpreenderás pensando algo assim como ¨estou contente outra vez¨...”

"É fácil morrer. A toda hora, em todos os lugares, a morte está se oferecendo. Mais difícil é continuar vivendo. Eu continuo. Não sei se gosto, mas tenho uma curiosidade imensa pelo que vai me acontecer, pelas pessoas que vou conhecer, por tudo que vou dizer e fazer e ainda não sei o que será."

É, né?....

Sunday, November 12, 2006

Toda Vez...

"Toda vez que você passa, enlaça.
E meu peito transborda
Toda vez que você pinta, borda, sai correndo e fecha porta.
Toda vez que você olha, chora, toda vez que finge que adora.
Toda vez que você ri, sorri, faz que vai e volta aqui.
Toda vez que você fala, cala e o sentimento dispara.
Toda vez que eu páro e penso, mesmo assim eu nunca me convenço.
Toda vez..."

Sunday, September 17, 2006

Exagerado

Essa semana ouvi a mãe do Cazuza, Lucinha Araújo, comentar que o filho era um menino inconseqüente, que exacerbava tudo, um exagerado que por isso,aproveitou muita a vida. Pois eu também sou exagerada. Sim! E em tudo.Eu prolongo situações, eu não sinto só saudade, eu sinto falta, me desespero,eu choro, eu peço, eu quero perto! E se é pra matar a saudade, que seja com vontade, que cada minuto signifique o resto que falta da vida. Se for pra estar feliz, que não seja aquele riso contido, aquela emoção guardada. Felicidade engarrafada não dá! Tem que brilhar pelo olho, o sorriso espontâneo, tem que mostrar e falar para todo mundo que naquele momento (pelo menos naquele momento) a gente está feliz. Eu não quero só olhares, abraços, carinhos. Eu quero “beijos intermináveis até que os olhos mudem de cor”, como diz tão bem Vanessa da Mata. Tem que ser assim, tudo bem que pessoas dramáticas e escandalosas por vezes cansam. Mas me refiro a exagerar vivências, desenfrear pudores, ampliar alegrias. Não consigo ser mais ou menos. Ninguém quer aquele alguém meio morno, que causa náusea ao se experimentar o gosto. Eu quero viajar, eu quero trabalhar, eu quero poesia, eu quero festa, eu quero amigos, eu quero a vida pra valer. Eu quero fugir do hábito,eu quero música,eu quero os dedos tocando o céu e a alegria tocando a mão.Eu quero amar, mais e mais...

“ ...até nas coisas mais banais, pra mim é tudo ou nunca mais...”

Saturday, September 16, 2006

Eu quero...

Sempre que eu demoro a escrever, dá um medo, um receio depois pra voltar. Acho que o segredo é não parar... Mas ando sem tempo. Mentira! Eu tenho tempo, o que falta é organizar pensamentos, não quero despejar aqui todos os meus sentimentos.

Quero falar quando me dá vontade, sem esperar agradar a ninguém. Não gosto de expectativa, sempre foi um sentimento que me causa aquele friozinho e aquela incerteza terrível! Quero comer o que quiser, sem ter a desprazer de engordar. Quero ler os quatro livros que deixei na estante e pensei:- “vou ler até o fim do mês.” Quero rever alguns amigos que não encontro há tempos... muito tempo. Ah! E quero uma música. Uma música minha, uma música pra mim. Mas este último sei que vai ser o mais difícil. Afinal de contas...o que rima com Roberta? Roberta não é musical, não é Alice ou Teresa nem Carol, expressar sentimentos com Roberta se faz complicado. Se eu fosse músico, nunca falaria de Roberta.

Triste fim então pra´s Robertas que como eu, têm que se contentar com aquelas músicas que foram feitas “pensando na gente” mas que não têm o nosso nome...

Sunday, August 13, 2006

A Promessa

Cá estou eu de novo, com vontade de escrever. E novamente os motivos que me levam a desabafar são desagradáveis. Acho que são nesses momentos é que a gente fica mais descoberto, mais sensível e susceptível a tudo a nossa volta.

É um dia como qualquer um, normal como todos outros, quando do nada tu atende o telefone e a tua amiga do outro lado diz: “ tu não advinha o que aconteceu? O fulano, o nosso amigo se enforcou! Na casa dele” aí tu escuta aquilo com a sensação de que na verdade tu entendeu errado, não pode ser, como? Se eu conversei com ele essa semana ainda e estava tudo bem?

E no mesmo instante o coração dispara e tu olha pro´nada. Sem reação no telefone. Tentando achar alguma explicação para o que na realidade não existe. Aconteceu, eaí? O que é que você vai fazer? O sentimento de impotência e tristeza toma conta. O que resta é lembrar...lembrar de todos os momentos, das conversas, das risadas...e das coisas boas que tu admirava naquela pessoa. E rezar, mas rezar mesmo, para que aquele teu amigo encontre paz de espírito, descanse a cabeça e a alma.

Não sei, não sei se esse é o momento para fazer faxina na gente, repensar a vida, ou deixar como está. Mas definitivamente é o momento para fechar os olhos e rezar..e é isso que eu vou fazer!

Como outros amigos já fizeram, também deixo aqui essa música:

A Promessa

(Engenheiros do Hawaii)

Não vejo nada (o que eu vejo não me agrada)
Não ouço nada (o que eu ouço não diz nada)
Perdi a conta das pérolas e porcos que eu
cruzei pela estrada

Estou ligado à cabo a tudo que acaba de
acontecer

Propaganda é a arma do negócio
No nosso peito bate um alvo muito fácil
Mira à laser... Miragem de consumo
Latas e litros de paz teleguiada
Estou ligado à cabo a tudo que eles tem pra
oferecer

...O céu é só uma promessa
Eu tenho pressa, vamos nessa direção
Atrás de um sol que nos aqueça
Minha cabeça não aguenta mais...


Tu me encontrastes de mãos vazias
E eu te encontrei na contramão
Na hora exata, na encruzilhada, na highway da
superinformação
Estamos tão ligados, já não temos o que temer

...O céu é só uma promessa
Eu tenho pressa, vamos nessa direção
Atrás de um sol que nos aqueça
Minha cabeça não aguenta mais...


**Vai em paz Anderson....***


Sunday, July 23, 2006

FINAL DE VERDADE

Emprestado:
Texto escrito por uma pessoa muito especial, tão diferentes e ainda sim, as vezes tão iguais. Admiração, carinho e saudade...por alguém que tá longe, vivendo tudo que há pra viver...

"Mais especial num mundo sem breu
Alguma coisa que me fizesse sorrir
E te sentir feliz por mim ...simplesmente!
Não esse lugar gelado sem a brisa
Aquecida em olhares sinceros e fraternos
Que nos manteria juntos com a distância
(mesmo sendo curta essa distância)
Imaginava ser diferente

Queria poder pular, gritar,chorar e sorrir
Na falicidade triste de estar indo embora
Sentir isso como sempre sonhei
E não apenas imaginar imagens...
Imagens que eram para acontecer agora

Queria ser mais especial
Alguém que te permitisse festejar
No festeejo de todas as vontades
De quem conseguiu dar o ponto final
E agora...bem, agora tem uma nova linha
só para fazer o novo "final" acontecer
Diferente
Sem imaginar...mais real,feliz de verdade!"

Thursday, July 06, 2006

....sssorte

Seis horas. Salto do alto da sacada, sentindo sair a saudade de ti.
Sem saída sou assim, seleta de sonhos, sem sarar.
Se minha salvação sois vós, surge então um sarcasmo sagaz.
O sol cintilante saúda meu salto, sabendo que nada mais satisfaz.
E o sujeito sensível que suscitou em mim segredos, submerge sem sequer avisar.
Sou sentenciada somente a sofrer e suportar.
Procuro sentar a sombra e na solidão soluçar.
Suspeito que o sabor sufoque e um singelo sinal seria suficiente para segurar o sentimento, sem que esse secasse.
Seria sensato ser serena, parecer segura e superior.
Mas de que serviria ser simples, se o sensacional é a saudade?

Sobra então a você: sobreviver. A mim: suspiros e sorte...

Saturday, July 01, 2006

Meio de mim

Ah... Há quanto tempo não retorno aqui...estava mais quieta do que nunca, acho que sem gostar muito de mim .Afinal, nunca gostei muito de pessoas quietas. Mais uma vez penso que vejo nelas um defeito meu. Analiso tudo em todos, será que também fazem isso comigo? Será que têm milhões de pensamentos assim como eu? Que um dia me acho especial, no outro caio na real. Que vive envolta em angústias, alegrias e amores.

Aliás, sobre amores arrisco-me a dizer que hoje rabisco versos estéreis num papel em branco. Mas ai de mim, desistir até descobrir o que eu quero. O que me motiva são esses sentimentos, e “o não saber o que irá acontecer”, que antes me causava tanto medo, hoje já não assusta mais. Acho que hoje não troco meio de mim, assim confusa, por uma sensata e cheia da razão. Por que foram nessas confusões e labirintos que muitas vezes encontrei sozinha o melhor caminho. Hoje não troco meio de mim assim calada e pensativa, por uma inteira sociável que esbanja simpatia e traquejo com as pessoas. Hoje não troco meio de mim, assim que não se importa em falhar e aceita melhor os erros, por uma inteira inatingível que não conhece o gosto ruim (e ao mesmo tempo esperançoso) da derrota.

Enfim, hoje não troco meio de mim, por uma de fórmula completa, penso que não teria a mesma graça não descobrir a outra metade. Não pintar estrelas no muro e ter o céu ao alcance das mãos. E se me perguntares se mudei, responderei: - Sim! Pois quando me conhecestes eu era sopro, hoje sou vida.

Sunday, June 11, 2006

leve...como uma pluma...

Dor. Aquele momento em que você não agüenta mais e deixa a tristeza extravasar. Você espera, sempre esperou. Afinal, desde que o mundo é mundo foi assim. Mas na hora, ah... na hora não dá para segurar. Quando você se dá de conta, que a “ficha cai” sabe? Nessa hora você prefere estar em qualquer outro lugar, fazendo qualquer outra coisa, passando por qualquer outra situação, que não essa de perda.
Nesse momento, eu gostaria de estar em um parque de diversões, à noite (onde todas as luzes estão ligadas e se pode ver a beleza do céu estrelado) e gostaria de estar na roda gigante, girando e girando sem parar, sem ter fim. Ficar ali por horas e horas, sem pensar em nada. Até que esse movimento contínuo circular levasse meus pensamentos para longe e minha mente também girasse, para que nada de novo ocorresse. Assim, a realidade que passa tangendo o círculo, desvia-se e a tristeza que me assola agora, rasparia de leve a roda e iria embora.
Mas infelizmente não posso. E um sentimento agora me destrói o coração, tirando o meu ar, minha força pra respirar, fazendo com que o soluçar seja a única forma de conseguir. Agora as lembranças vêm sem parar, um misto de nostalgia, saudade doída e a certeza de que os momentos (todos, bons e ruins) ficarão na minha memória. Ao mesmo tempo em que um alívio por ter dito aquele último adeus, aquele último EU TE AMO. Aquela culpa por ter dito isso somente por já saber o que viria. E aquele pensamento: “e se eu não soubesse? Ainda sim me despediria com palavras carinhosas? O que teria dito? Teria expressado realmente o que queria? O quanto gostava, gosto e sempre admirei...”
Penso em mim, porque meu egoísmo não me deixa sentir mais compaixão por aqueles que sei, com certeza, estão sofrendo mais do que eu. Mas hoje nada disso importa, só gostaria de poder voar, subir e ficar bem perto de ti. Leve...como uma pluma que toca o ar gentilmente para se apoiar.

Meu avô morreu. Hoje o mundo se torna mais triste pra mim...

Sunday, June 04, 2006

Amigos

"Amigos pra recordar
amigos para brincar
amigos pra conversar
amigos para sair
amigos pra rir até a barriga doer
amigos pra cuidar de você
amigos pra se sentir feliz
amigos que eu sempre quis
ai ai...meus bons amigos
momentos inesquecíveis!"

trilha sonora que embalou meu final de semana, em meio à muitas gargalhadas...


Bromélias
(bidê ou balde)

Não fique triste se eu não liguei pra te avisar
Você estava no escritório e eu fui embora
Deixei aguadas as bromélias penduradas na sua mãe
E aquele cara na saleta da TV é o meu pai
Avise, se puder, nossos amigos que eu não vou mudar.
Em todos os lugares que você estiver eu vou estar.
Perto de você, eu não pude ficar, tente não me esquecer,
Vou tentar sempre te amar!
Recém-chegado, entediado, na rodoviária
Tentei ligar mas, você não estava, deu na secretária
Deixei recado avisando que te amo e vou voltar
Aquela calça pendurada no varal é do Rangel
Avise, se puder, nossos amigos que eu não vou mudar.
Em todos os lugares que você estiver eu vou estar.
Perto de você, eu não pude ficar, tente não me esquecer,
Vou tentar sempre te amar!

Monday, May 29, 2006

As mulheres que escrevem

Ah... as mulheres que escrevem. Estava eu lembrando que há uns dias atrás um senhor me disse: “Não gosto de ler o que mulher escreve, é muito complexo.” Na hora eu ri, mas depois pensei: “Que nada! É subentendido só”. O homem pode ter toda a razão, todo o trejeito pra escrever... E com certeza os escritores e os maiores nomes de literatura conhecidos são masculinos. Tudo bem que meus textos preferidos também foram escritos por homens, alguns deles até que achavam ser o centro intelectual do universo. Mas que, em suas divagações e questionamentos conseguiram atrair minha curiosidade e fascínio. Porém, com certeza muito me agrada o que as mulheres escrevem. E digo mais: as mulheres escrevem para os homens! E seria um desdém não gostar de lê-las então.
Se analisar verá que o homem que escreve dirige sua poesia para todos. Já a mulher, escreve pra outro homem. Sempre!Não digo um amor ou qualquer coisa assim, me refiro a um oposto. Mas ela escreve querendo se mostrar, ser ouvida. Grita. Para alguém, por alguém...E esse alguém com certeza é o homem. As mulheres que escrevem, pra mim, têm um lirismo profundo que nenhum homem jamais vai alcançar. Mesmo aqueles mais “românticos” que fazem de sua escrita declaração de amor ou aqueles que conseguem transpor sua alma, deixando descoberta sua fragilidade.
A mulher foi extraída da matéria do homem. Então é parte... Está concentrada ali...matéria flexível e susceptível. Tem simplicidade e ao mesmo tempo a capacidade de deixar subentendido. Há quem diga que isso chama-se “dissimulação”. Eu já chamo de “disfarçar”, não revelar todo jogo ou idéia, porque é sempre mais gostoso ir descobrindo aos poucos, perceber por si próprio quando alguém já deu a dica. Acho que por isso as mulheres tanto escreveram e escrevem sobre sentimentos, impressões do mundo, insatisfações em geral . Até os tormentos, ela quer que o homem os ouça, mesmo quando fala sobre as bobagens e futilidades do mundo feminino. Ela sabe que uma outra mulher que lê já entende isso, sabe que não fala nada de novo. Ela quer contar isso é para o homem. Quer que ele saiba, para que possa compreender ou até mesmo só escutar (como eles sempre dizem).
Por isso é que eu acho: “gosto é gosto e não se deve impor nenhuma idéia a ninguém. Cada um tem seu interesse no que mais lhe agrada ler, descobrir, julgar e interpretar”. Mas ainda sim eu penso: Homens... leiam as mulheres!!!(Clarice Lispector, Martha Medeiros, Florbela Espanca, Cecília M., Lygia Fagundes Telles, Anne Rice... pra citar algumas de tantas outras) No fim vão encontrar muitas respostas e perceber que o nosso mundo não é tão complexo...

Wednesday, May 17, 2006

A minha miopia...

Não. Graças a Deus eu enxergo muito bem. Mas às vezes eu bem queria ser míope, daquelas seletivas sabe? que só enxergam quando querem. Que têm a possibilidade de tirar os óculos imaginários e ver o mundo borrado, sem forma, ou da forma que se quer ver... Estar assim...não ver como todo mundo...enxergar nem além,mas diferente! Porque cansei do que vejo.

Há em mim insatisfação, inquietude...um mundo só meu, perturbado...ele sabe com o que...mas não quer acreditar, não quer falar, não quer que os outros saibam...então se esquece e procura outras razões.

Eu escrevo sem esperança de que o que eu escrevo altere qualquer coisa. Não altera em nada. Porque no fundo, a gente não está querendo alterar as coisas...

Fico admirando aqueles que com palavras conseguem definir tudo que eu sinto... e sempre tive vontade de falar...Mas admiro ainda mais aqueles que, mostram o que nem eu mesma sabia que sentia. E depois me pego pensando e concordando...

Realmente, pra quem lê, isso não faz sentido...Mas eu não tenho compromisso com as minhas idéias. E por isso que é bom sentir, pensar...quando eu começar a agir...aí sim é que inicia minha a responsabilidade em se fazer entender.

Wednesday, May 10, 2006

. Ele e Ela .

Um dia se encontraram, se conheceram, foi naquele dia que conversaram por horas. Falaram sobre tudo, encantavam-se um com o outro. E a noite foi passando e falaram, mais e mais...como se a curiosidade de saber tudo do outro fosse maior que qualquer coisa. Contaram da vida, do passado, presente e futuro, dos desejos, dos medos... Enfim, ali se apaixonaram e sabiam que aquilo era só o começo. E no fim da noite se beijaram, na verdade o ato foi conseqüência, pois já se viam tão ligados que o momento pedia que um corpo encostasse no outro, através do beijo.

Ele então a pegou pela mão, abraçou forte e não a deixou fugir.E antes dele ela sempre fugia...E assim passaram todo o verão. Ele era tudo aquilo que ela sempre procurou e como se sentia feliz perto dele. Era um misto de alegria, nervosismo e paz que só encontrava ali, junto. Ele ria das canelas finas dela e adorava o seu jeito de sorrir e podia ficar horas sem falar nada, só observando. E assim ele foi, conquistando espaço naquele coração que ela sempre fez questão de trancar a sete chaves, pois jurava que não iria mais sofrer. Mas ele a fez descobrir que existia amor e beleza fora dos livros, a fez ver que existia amor dentro dela. E já que era para amar, ele também desejava ser o que mais ama dos dois, pra nunca se arrepender ou pensar no que poderia ter sido.Preferia sofrer a ver ela triste antes.

Assim seguiu-se aquele tempo. Até que o amor distorceu. Ele então não soube o que fazer e partiu. Acabou-se ali, sem explicação, sem dizer por que, pra que, simplesmente o fim de algo que, a princípio, seria eterno. Ela também não sabia explicar. Não entendia, como pode? Só sentia um vazio, posto que tudo que é bom ou ruim quando acaba deixa um vazio. Se afastaram e agora ela não tinha mais aquele mundo pra fugir, aquele abrigo que tantas vezes era o único lugar aonde queria estar. Ele também foi sem rumo, sem saber o que procurar. Afinal, acreditava já ter encontrado. E como dois estranhos seguiram a vida. Ele agora nem pensa mais, prefere achar que nunca existiu. Ela ainda se pergunta, será que foi sonho?

Saturday, May 06, 2006

" A minha alternativa..."

Às vezes não é o amor que nos salva. E sim o Humor. Não é o sarcasmo e o rir dos outros. Estou falando de aprender a rir de si mesmo e na hora certa. Problemas? Quem não tem? Estou aprendendo a “redirecionar” a tragédia. Descobri que esse é o único jeito de se viver. Senão o mundo te abafa, triste e sem esperança. Deu errado? Não saiu do jeito que queria? Escorregou por pouco da mão? Ai,ai...tem horas que é inevitável. É bom se perder. Aí você pára, repensa, analisa a situação de novo e percebe algo de bom, alguma brecha de esperança ou até mesmo decidi que não tem mais jeito mesmo. E aí o que resta é rir, rir sozinha... na rua, no elevador pensando ou casa, naquele cantinho preferido que a gente escolhe pra habitar sempre que precisa esquecer do mundo. E levar esse sorriso junto sempre, aprender que as coisas vão se repetir e que situações diferentes vão provocar os mesmos sentimentos, de desânimo, de derrota, insatisfação e todos os outros que a mim são constantes. E que agora eu vou transformar em humor. Decidi q quando eu envelhecer, as minhas rugas serão dos sorrisos que eu vou distribuir durante a vida. E as marcas de expressão contarão a minha história sim! Mas estas provarão que o final foi feliz.

A minha geração é a do conflito, a gente tem sempre uma angústia, um sentimento reprimido e uma insatisfação que não sabe de que. A gente quer lutar, mas contra o que? A gente tem desejos, mas não tem sonhos. E os desejos se perdem nas dificuldades do dia a dia. Os sonhos não, eles ficam ali guardados, pois são projetos de vida. Mas como eu disse antes, muito além de amor, paciência e vontade é preciso bom humor e alegria pra que tudo que a gente quer se realize.

Não significa, contudo que o humor é salvação. Pra mim, ele é alternativa. O choro já não... esse sim é inevitável. E já que é pra chorar, que a tristeza venha e a gente chore. Chore mesmo, chore muito e em seguida já comece a rir. Porque sinceramente, na minha opinião, todo mundo fica lindo quando está com aquela cara de choro, o coração explodindo de dor, a cor do olho brilhando de lágrimas e ainda sim sai aquele sorriso sem graça de quem tá pronto pra começar tuuuudo de novo.

Wednesday, May 03, 2006

E é bem verdade....



Daí aquela declaração que Otto Lara Resende atribuía a Nelson Rodrigues: “Diante de Chico Buarque todo homem é um corno em potencial”.

“Dependendo do homem com quem a mulher trai” - comentava Nelson com Otto a respeito - “o corno deveria até sentir-se honrado pelo bom gosto da patroa”. Tem razão!


"Deixe a Menina

Não é por estar na sua presença
Meu prezado rapaz
Mas você vai mal
Mas vai mal demais
São dez horas, o samba tá quente
Deixe a morena contente
Deixe a menina sambar em paz....

...Por trás de um homem triste há sempre uma mulher feliz
E atrás dessa mulher mil homens, sempre tão gentis
Por isso para o seu bem
Ou tire ela da cabeça ou mereça a moça que você tem...”

Saturday, April 29, 2006

"...e eu, gostava tanto de você..."

Como a gente sabe se gosta de alguém? E por que é que a gente gosta dessa pessoa? Digo pessoas em geral, tipo...uma amiga de uma amiga que você conhece e simpatiza na hora e logo depois vira confidente. Um primo que você tem mais afinidade que qualquer outro da família. O menino que você conversou uma vez e desde então não sai da sua cabeça... Às vezes eu fico pensando. O que leva a gente a ter esse sentimento pelas pessoas? O que te faz querer bem, o coração disparar, ou apertar de saudade? O que te faz feliz quando está com alguém?

Bom, descobri que as pessoas que eu gosto me cativaram principalmente pela surpresa que me causaram agora lembrando. Gosto daqueles que conversei até às 6h da manhã quando cheguei de festa, daqueles que fizeram companhia em aniversário chato de criança, dos que faziam os “temas” do colégio junto comigo e hoje nem vejo mais. Daqueles que mandam mensagem às 19h de uma quarta-feira tumultuada dizendo: “oi, como vc tá? To com saudades”.Gosto das pessoas que me diziam pra aproveitar a minha idade porque depois dos 20, putz! O tempo voa..., das que viraram tequila e viram o mundo rodar depois em meio a várias gargalhadas. Gosto das que riram dos meus tombos na rua ou de como eu fico destrambelhada quando to nervosa. Mas depois sempre vinham me dizer: “ ah...n muda...esse é teu jeito”. Gosto das que me viram chorar e numa simples conversa mudaram meu pensamento, levaram embora minha tristeza e, muitas vezes, choraram junto. Daqueles que eu brigo, discordo e pouco tempo depois, ou muito, volto a falar e me dar super bem. Gosto daquelas pessoas que de início não me atraíam e em meio a uma conversa boba jogada fora, descobri uma afinidade incrível. E descobri que às vezes, o que me impedia de gostar, era ver nelas algum defeito meu. Gosto daqueles que foram reais comigo. Que fazem da calça jeans, tênis e camiseta, uniforme do dia -a- dia, dos que falam com vontade e não bola em parecer ridículo. Gosto daqueles que têm brilho no olhar, que têm nostalgia e assim como eu, ouvem mil vezes a mesma música.

Enfim, hoje vejo que gosto daqueles que me despertaram um turbilhão de sentimentos. Daqueles que me surpreenderam pelo seu jeito de ser, agir, sua maneira de pensar, sua paixão e desejo em realizar seus sonhos. Aqueles nos quais vi meus maiores defeitos e qualidades retratados e me ajudaram a amadurecer. Ensinaram-me a viver. Hoje vejo que o que me faz gostar de alguém é bem mais que a convivência. É saber que essa pessoa pode despertar em mim algo de novo, de bom. Que me faça querer tê-la perto, sempre...

E você, gosta de quem?

Tuesday, April 25, 2006

"E eu que não sei escrever...."


E eu que não sei escrever. Me lembro, foi na quinta série que eu fiz uma redação, um poema, e a professora leu na frente de toda turma porque ela achou que ficou ‘bem redigida’. A partir daí eu sempre morri de medo de me expor daquele jeito. Um, porque sempre achei que nunca conseguiria por em palavras os milhares de pensamentos confusos que eu tenho. Outro porque pensava: “...e mesmo que um dia eu coloque, quando ler...nem eu mesma entenderei”.

Na verdade eu entendo.E é bom escrever. E eu que não sei escrever, passo o dia inteiro com mensagens,frases e teorias montadas na minha cabeça, que aos poucos vão tomando forma e fazendo sentido. Pra mim, é claro!

Sempre me achei e me contentei no pensamento dos outros. Nas letras de músicas, nos textos e até mesmo nos poemas batidos que a gente tem mania de achar que foram feitos exatamente pra nós. Quando na verdade, aquilo que eu lia, era só o esboço do que eu sentia. A idéia começava ali...mas tinha bem mais. Tem bem mais!

Agora eu vou escrever, ou melhor! Agora eu vou colocar em palavras esses sentimentos, esses devaneios e até mesmo essas teorias que tomam forma durante o dia na minha cabeça. Pelo menos assim eu durmo a noite.

E eu que não sei escrever...vou borrando aqui por enquanto...