Monday, May 29, 2006

As mulheres que escrevem

Ah... as mulheres que escrevem. Estava eu lembrando que há uns dias atrás um senhor me disse: “Não gosto de ler o que mulher escreve, é muito complexo.” Na hora eu ri, mas depois pensei: “Que nada! É subentendido só”. O homem pode ter toda a razão, todo o trejeito pra escrever... E com certeza os escritores e os maiores nomes de literatura conhecidos são masculinos. Tudo bem que meus textos preferidos também foram escritos por homens, alguns deles até que achavam ser o centro intelectual do universo. Mas que, em suas divagações e questionamentos conseguiram atrair minha curiosidade e fascínio. Porém, com certeza muito me agrada o que as mulheres escrevem. E digo mais: as mulheres escrevem para os homens! E seria um desdém não gostar de lê-las então.
Se analisar verá que o homem que escreve dirige sua poesia para todos. Já a mulher, escreve pra outro homem. Sempre!Não digo um amor ou qualquer coisa assim, me refiro a um oposto. Mas ela escreve querendo se mostrar, ser ouvida. Grita. Para alguém, por alguém...E esse alguém com certeza é o homem. As mulheres que escrevem, pra mim, têm um lirismo profundo que nenhum homem jamais vai alcançar. Mesmo aqueles mais “românticos” que fazem de sua escrita declaração de amor ou aqueles que conseguem transpor sua alma, deixando descoberta sua fragilidade.
A mulher foi extraída da matéria do homem. Então é parte... Está concentrada ali...matéria flexível e susceptível. Tem simplicidade e ao mesmo tempo a capacidade de deixar subentendido. Há quem diga que isso chama-se “dissimulação”. Eu já chamo de “disfarçar”, não revelar todo jogo ou idéia, porque é sempre mais gostoso ir descobrindo aos poucos, perceber por si próprio quando alguém já deu a dica. Acho que por isso as mulheres tanto escreveram e escrevem sobre sentimentos, impressões do mundo, insatisfações em geral . Até os tormentos, ela quer que o homem os ouça, mesmo quando fala sobre as bobagens e futilidades do mundo feminino. Ela sabe que uma outra mulher que lê já entende isso, sabe que não fala nada de novo. Ela quer contar isso é para o homem. Quer que ele saiba, para que possa compreender ou até mesmo só escutar (como eles sempre dizem).
Por isso é que eu acho: “gosto é gosto e não se deve impor nenhuma idéia a ninguém. Cada um tem seu interesse no que mais lhe agrada ler, descobrir, julgar e interpretar”. Mas ainda sim eu penso: Homens... leiam as mulheres!!!(Clarice Lispector, Martha Medeiros, Florbela Espanca, Cecília M., Lygia Fagundes Telles, Anne Rice... pra citar algumas de tantas outras) No fim vão encontrar muitas respostas e perceber que o nosso mundo não é tão complexo...

Wednesday, May 17, 2006

A minha miopia...

Não. Graças a Deus eu enxergo muito bem. Mas às vezes eu bem queria ser míope, daquelas seletivas sabe? que só enxergam quando querem. Que têm a possibilidade de tirar os óculos imaginários e ver o mundo borrado, sem forma, ou da forma que se quer ver... Estar assim...não ver como todo mundo...enxergar nem além,mas diferente! Porque cansei do que vejo.

Há em mim insatisfação, inquietude...um mundo só meu, perturbado...ele sabe com o que...mas não quer acreditar, não quer falar, não quer que os outros saibam...então se esquece e procura outras razões.

Eu escrevo sem esperança de que o que eu escrevo altere qualquer coisa. Não altera em nada. Porque no fundo, a gente não está querendo alterar as coisas...

Fico admirando aqueles que com palavras conseguem definir tudo que eu sinto... e sempre tive vontade de falar...Mas admiro ainda mais aqueles que, mostram o que nem eu mesma sabia que sentia. E depois me pego pensando e concordando...

Realmente, pra quem lê, isso não faz sentido...Mas eu não tenho compromisso com as minhas idéias. E por isso que é bom sentir, pensar...quando eu começar a agir...aí sim é que inicia minha a responsabilidade em se fazer entender.

Wednesday, May 10, 2006

. Ele e Ela .

Um dia se encontraram, se conheceram, foi naquele dia que conversaram por horas. Falaram sobre tudo, encantavam-se um com o outro. E a noite foi passando e falaram, mais e mais...como se a curiosidade de saber tudo do outro fosse maior que qualquer coisa. Contaram da vida, do passado, presente e futuro, dos desejos, dos medos... Enfim, ali se apaixonaram e sabiam que aquilo era só o começo. E no fim da noite se beijaram, na verdade o ato foi conseqüência, pois já se viam tão ligados que o momento pedia que um corpo encostasse no outro, através do beijo.

Ele então a pegou pela mão, abraçou forte e não a deixou fugir.E antes dele ela sempre fugia...E assim passaram todo o verão. Ele era tudo aquilo que ela sempre procurou e como se sentia feliz perto dele. Era um misto de alegria, nervosismo e paz que só encontrava ali, junto. Ele ria das canelas finas dela e adorava o seu jeito de sorrir e podia ficar horas sem falar nada, só observando. E assim ele foi, conquistando espaço naquele coração que ela sempre fez questão de trancar a sete chaves, pois jurava que não iria mais sofrer. Mas ele a fez descobrir que existia amor e beleza fora dos livros, a fez ver que existia amor dentro dela. E já que era para amar, ele também desejava ser o que mais ama dos dois, pra nunca se arrepender ou pensar no que poderia ter sido.Preferia sofrer a ver ela triste antes.

Assim seguiu-se aquele tempo. Até que o amor distorceu. Ele então não soube o que fazer e partiu. Acabou-se ali, sem explicação, sem dizer por que, pra que, simplesmente o fim de algo que, a princípio, seria eterno. Ela também não sabia explicar. Não entendia, como pode? Só sentia um vazio, posto que tudo que é bom ou ruim quando acaba deixa um vazio. Se afastaram e agora ela não tinha mais aquele mundo pra fugir, aquele abrigo que tantas vezes era o único lugar aonde queria estar. Ele também foi sem rumo, sem saber o que procurar. Afinal, acreditava já ter encontrado. E como dois estranhos seguiram a vida. Ele agora nem pensa mais, prefere achar que nunca existiu. Ela ainda se pergunta, será que foi sonho?

Saturday, May 06, 2006

" A minha alternativa..."

Às vezes não é o amor que nos salva. E sim o Humor. Não é o sarcasmo e o rir dos outros. Estou falando de aprender a rir de si mesmo e na hora certa. Problemas? Quem não tem? Estou aprendendo a “redirecionar” a tragédia. Descobri que esse é o único jeito de se viver. Senão o mundo te abafa, triste e sem esperança. Deu errado? Não saiu do jeito que queria? Escorregou por pouco da mão? Ai,ai...tem horas que é inevitável. É bom se perder. Aí você pára, repensa, analisa a situação de novo e percebe algo de bom, alguma brecha de esperança ou até mesmo decidi que não tem mais jeito mesmo. E aí o que resta é rir, rir sozinha... na rua, no elevador pensando ou casa, naquele cantinho preferido que a gente escolhe pra habitar sempre que precisa esquecer do mundo. E levar esse sorriso junto sempre, aprender que as coisas vão se repetir e que situações diferentes vão provocar os mesmos sentimentos, de desânimo, de derrota, insatisfação e todos os outros que a mim são constantes. E que agora eu vou transformar em humor. Decidi q quando eu envelhecer, as minhas rugas serão dos sorrisos que eu vou distribuir durante a vida. E as marcas de expressão contarão a minha história sim! Mas estas provarão que o final foi feliz.

A minha geração é a do conflito, a gente tem sempre uma angústia, um sentimento reprimido e uma insatisfação que não sabe de que. A gente quer lutar, mas contra o que? A gente tem desejos, mas não tem sonhos. E os desejos se perdem nas dificuldades do dia a dia. Os sonhos não, eles ficam ali guardados, pois são projetos de vida. Mas como eu disse antes, muito além de amor, paciência e vontade é preciso bom humor e alegria pra que tudo que a gente quer se realize.

Não significa, contudo que o humor é salvação. Pra mim, ele é alternativa. O choro já não... esse sim é inevitável. E já que é pra chorar, que a tristeza venha e a gente chore. Chore mesmo, chore muito e em seguida já comece a rir. Porque sinceramente, na minha opinião, todo mundo fica lindo quando está com aquela cara de choro, o coração explodindo de dor, a cor do olho brilhando de lágrimas e ainda sim sai aquele sorriso sem graça de quem tá pronto pra começar tuuuudo de novo.

Wednesday, May 03, 2006

E é bem verdade....



Daí aquela declaração que Otto Lara Resende atribuía a Nelson Rodrigues: “Diante de Chico Buarque todo homem é um corno em potencial”.

“Dependendo do homem com quem a mulher trai” - comentava Nelson com Otto a respeito - “o corno deveria até sentir-se honrado pelo bom gosto da patroa”. Tem razão!


"Deixe a Menina

Não é por estar na sua presença
Meu prezado rapaz
Mas você vai mal
Mas vai mal demais
São dez horas, o samba tá quente
Deixe a morena contente
Deixe a menina sambar em paz....

...Por trás de um homem triste há sempre uma mulher feliz
E atrás dessa mulher mil homens, sempre tão gentis
Por isso para o seu bem
Ou tire ela da cabeça ou mereça a moça que você tem...”