Essa vida de adulta esta me ensinando muitas coisas. Tenho virado espectadora, dos grandes lugares, das grandes pessoas, das grandes cenas a minha volta. Tenho feito coisas que nunca pensei em fazer, e sozinha ainda por cima. Sair pra jantar, pra ler,ir ao cinema, tem aberto os meus horizontes pras coisas que as vezes a gente perde estando acompanhada.
É a liberdade que eu tanto queria, conhecer o mundo, independente. Mas ainda assim, eu estava ali, sozinha, apenas observando aquela multidão a minha volta.Sentada na praça de alimentação do shopping, com meu livro e meu lanchinho. E quando ninguém te fala a voz dos "de fora" ecoa. E comecei a observar aqueles sorrisos tão estranhos, naquelas mulheres tão idependentes, com seus cortes de cabelos moderninhos e seus cigarros empenados enquanto travam diálogos da atualidade. Aqueles casais apaixonados e tímidos,não sei porque mas, tímidos no que me pareciam conversas iniciais de relacionamento. E as crianças, e os casais mais velhos e as pessoas que passam olhando para todos os lados, na procura de alguma coisa.Que a mim, pareciam mais a procura de serem notadas em meio aquela multidão que, olhada nua e crua, por um momento me deu medo. Por um bom tempo vai ficar aquele barulho, aquele som(não! Na verdade era barulho mesmo) das vozes misturadas que parei pra prestar atencao . E na minha ilusão de me misturar, vi o meu isolamento . Confesso que naquele momento ali me deu uma vontade de escrever, talvez fosse pra me `misturar` aos ocupados e me desisteressar do que via. Trata-se de uma decepção diferente, eu poderia ficar ali por horas,escutando aquelas vozes que pareciam febres que sobem e descem. Cinco segundos(ou uma eternidade se passaram) e eu voltei a ler meu livro, comendo meu lanchinho, dançando com o povo de novo...ai ai...
É a liberdade que eu tanto queria, conhecer o mundo, independente. Mas ainda assim, eu estava ali, sozinha, apenas observando aquela multidão a minha volta.Sentada na praça de alimentação do shopping, com meu livro e meu lanchinho. E quando ninguém te fala a voz dos "de fora" ecoa. E comecei a observar aqueles sorrisos tão estranhos, naquelas mulheres tão idependentes, com seus cortes de cabelos moderninhos e seus cigarros empenados enquanto travam diálogos da atualidade. Aqueles casais apaixonados e tímidos,não sei porque mas, tímidos no que me pareciam conversas iniciais de relacionamento. E as crianças, e os casais mais velhos e as pessoas que passam olhando para todos os lados, na procura de alguma coisa.Que a mim, pareciam mais a procura de serem notadas em meio aquela multidão que, olhada nua e crua, por um momento me deu medo. Por um bom tempo vai ficar aquele barulho, aquele som(não! Na verdade era barulho mesmo) das vozes misturadas que parei pra prestar atencao . E na minha ilusão de me misturar, vi o meu isolamento . Confesso que naquele momento ali me deu uma vontade de escrever, talvez fosse pra me `misturar` aos ocupados e me desisteressar do que via. Trata-se de uma decepção diferente, eu poderia ficar ali por horas,escutando aquelas vozes que pareciam febres que sobem e descem. Cinco segundos(ou uma eternidade se passaram) e eu voltei a ler meu livro, comendo meu lanchinho, dançando com o povo de novo...ai ai...
"Eu gostaria de ficar para sempre ali, parado naqueles degraus gastos, sentindo as sombras se adensarem no jardim que ficava logo após aqueles degraus onde eu pisava agora, estendidos até o portãozinho enferrujado que há pouco eu abrira, ouvindo os rumores da rua coados pela espessa folhagem, olhando seu rosto envelhecido e doce, com os cabelos presos na nuca e um velho camafeu sobre a gola de renda, tudo um pouco antigo, como se ela gostasse de tocar piano quando entardecia, bebericando qualquer coisa leve como um chá de jasmins, enquanto as sombras na escada ficavam mais e mais densas, até que os ruídos das crianças fossem amortecendo nas calçadas e de repente ela percebesse ter ficado completamente no escuro, apesar das luzes da rua refletidas com um brilho frio nos cristais empoeirados do armário, e então."
(Caio Fernando Abreu)